“De uma coisa não posso me queixar: em minha vida, todos os romances em que me enfiei foram gloriosos. Gloriosamente luminosos e gloriosamente catastróficos.” E que fique claro: tudo nunca passa de nossas próprias paranóias. Um dia a paixão começa, o amor aparece de uma forma tímida, muitas vezes até mesmo sem avisar. E tudo que um dia começa, um dia começa de novo!
Estrada da Bocaina (antes de ser asfaltada) com a serra ao fundo
e um belo arco-íris nascendo – Bananal/SP – Foto: Carlos André
Tudo não passa de um vício “maldeto” que insiste em ir e vir, de forma a nos deixar de ponta cabeça. Aquela gloriosa fase em que pensamos estar andando nas nuvens é interrompida por uma brusca caída do céu. E nós nos jogamos, como se estivéssemos com um pára-quedas nas costas pronto para abrir a qualquer momento. Porém tudo acaba quando acertamos a testa no chão, frio, gelado, úmido, e ficamos com a boca cheia daquele gosto de areia, gosto de ressaca, como se a embriagues tivesse tomado conta da nossa mente e do nosso corpo durante a última noite.
Como diria um grande filósofo que nunca ninguém descobriu quem era: a vida é assim! E assim caminhamos, seguimos o caminho que trilhamos com nossos próprios passos desencontrados buscando a felicidade e sobretudo algo que não sabemos o que é, e que também temos a ligeira impressão de que não vamos encontrar. Mesmo assim continuamos!
E parodiando um escritor não tão famoso como eu (rs), pergunto a você: e por quê?
“Porque tudo é uma continuidade imprevisível num mundo onde a felicidade, o bem-estar e a eternidade são transitórios. Irmãs em trânsito. Porque o amor não passa de uma vingança efêmera, um tapete mágico sobrevoando as misérias humanas.”
Mundo meu
Nossos mundos são iguais. Ninguém quer mais que ninguém. Tudo parece estar na mais perfeita ordem quando de repente as coisas mudam em nossa mente, a visão se abre (ou se fecha) e não sabemos mais para onde queremos ir ou o que desejamos fazer.
Pessoas chegam, outras se vão. Complicamos a leitura da nossa vida e reescrevemos um livro com histórias dignas de uma complexidade filosófica a ponto de, quando terminarmos, chegarmos a nos perguntar o que começamos a escrever. Por onde anda aquela tranqüilidade prometida na criação do mundo? Onde enfiamos aquela simplicidade de se viver sem problemas, sem complicações, sem fugas e sem mágoas? Onde foi parar aquela visão aberta que nos dava a clara consciência do que fazer, pra onde ir e onde chegar?
Com tudo isso, que fique claro: somos arquitetos de uma construção que pode desmoronar a qualquer momento, mas que insistimos em continuar construindo, tijolo por tijolo, e que insistimos em continuar destruindo com uma rapidez sem igual.
Em um caminho utópico, utopia é viver todos os dias de mesma forma, com os mesmos laços e com os mesmos presentes antigos: garantia de vida e morte a cada segundo.